quarta-feira, 21 de julho de 2010

Os miseráveis

Os miseráveis...

A fuga é o desespero! É o subterfúgio dos desatinados da vida!
Com a dor dilacerante do sofrimento da miséria e da fome,
Evadem-se, desafiando a morte, morrendo nessa fuga... sem nome...
São os degradados da existência sobre humana que, cadáveres,
Ambulantes vivos, desafiam o seu decesso...o instinto de sobrevivência
Apela-lhes ao impulso, de defuntos, não sucederem ao acto de viverem!

Foragidos da Pátria, berço que os viu despontar para a existência,
Levam marcados, da Terra-mãe, a identidade ontológica de um povo,
O gérmen Bio-psico-socio-cultural gravados! … São a consequência
De filhos, serem de um solo, que a vida, lhes evidenciou, árido, estéril,
Os malfadados, sem dote, pela má sorte, da miséria de um viver pueril!

No desespero embarcam numa aventura cujo desenlace não se vislumbra!
Andrajosos, subnutridos tentam a evasão de uma morte anunciada...
Tentam a atravessia dos mares, das terras...levam consigo, os filhos,
Carne da sua carne, na esperança da libertação da signa...penumbra
E escuridão da adversidade, do nascerem na sua terra amada,
Onde não existem promessas a uma vida condigna, legitima esperada.

Muitos encontram o finamento nessa viagem sem regresso,
Camuflados, para não ser encontrados pelos serviços da imigração,
Viajam em carrinhas com contentores, aos magotes, sem ventilação,
Espezinhados, uns pelos outros, sem luz, nem ar, são encontrados,
Sem vida! Estupidamente fugiram da morte, e foram assassinados,
Pelas condições degradantes, clandestinas, dos transportes velados.


Pedaços humanos, na calada da noite, ou pela calada do dia,
Esperam na tentativa vã de ultrapassar as fronteiras do destino
Num País, onde a ilusão de um presente e futuro melhor
Sorria e apazigúe as feridas dos corpos massacrados pelo infortúnio!
Grande parte é apanhada! De serem deportados, feridos na alma, pelo não acolhimento da dor!

O desespero envidraça-lhes os olhos! Choram lágrimas de sangue!
As expectativas são frustradas! Enquanto esperam, a angústia
Apodera-se deles...são seres de olhar sem vida...exangue...
Um enfurecimento, um protesto violento em não querer viver,
Ao que decidiram fugir...arremessam-se a si próprios contra a parede
E a cabeça,tentam esmagar...pretendem agora...morrer!


Outros são deportados para os desertos, onde abjectos humanos,
Morrem por inanição! São pessoas...são gente...que pensa, que sente...
São números, ou nem números são! Morrem no deserto sem nome,
Ou nos navios de carga, ao mar jogados servindo de alimento ao tubarão...
São gente cuja vida foi ceifada pela miséria, a desgraça e a fome,
Um dia fugiram ao destino...sonharam a esperança...mas foi em vão!

Cris e Van

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